O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) está preparando o pronunciamento que fará até o final deste mês para divulgar a sua versão sobre o impeachment que o apeou do poder 14 anos atrás. Apesar de ter prometido em campanha indicar o nome dos políticos que o traíram durante o "golpe parlamentar", Collor, segundo sua assessoria, não vai dar nome aos bois. Até para poupar do constrangimento público 18 dos 79 senadores que votaram pelo impeachment e que continuam na Casa. "O Fernando pretende fazer um pronunciamento duro, mas sem mágoas nem cobranças pessoais, até porque a nação conhece esse capítulo da história recente do País", diz Euclydes Mello, primeiro suplente de Collor, ao confirmar a esperada estréia do ex-presidente no Senado Federal. "Ele fará um relato da humilhação que sofreu, mas sem a preocupação de constranger aqueles que o traíram", resume Euclydes Mello, garantindo que o ex-presidente amadureceu com o sofrimento e se revelará um novo Collor. Se tivesse que dar nome aos bois, como prometeu durante a campanha, o senador alagoano certamente iniciaria citando o atual deputado federal Ibsen Pinheiro, então presidente da Câmara, que liderou a campanha pelo impeachment. Com isso, ganhou visibilidade nacional e se projetou como possível candidato à sucessão do próprio Collor. Mas pouco tempo depois caiu em desgraça e foi cassado por corrupção.
"Muso do Impeachment"O nome de Ibsen Pinheiro consta inclusive do livro que Collor está escrevendo para contar a história do impeachment.Intitulado de "Crônica de um golpe: a versão de quem viveu o fato", o livro destaca a participação de Ibsen Pinheiro logo no primeiro capítulo em que o ex-presidente da Câmara é apresentado como principal líder do golpe branco. Diz o texto do livro: "(...)Autoproclamado o "muso do impeachment", responsável fundamental pela votação viciada que resultou na minha renúncia à Presidência da República e pela violência cometida contra a Constituição, o presidente da Câmara dos Deputados (Ibsen Pinheiro) estava entre os corruptos mais notáveis, pilhados pela CPI do 0rçamento. Suas contas bancárias confirmariam as denúncias que levaram à cassação do seu mandato". Na solenidade de posse, Eduardo Suplicy foi o único dos senadores do impeachment a cumprimentar o ex-presidente da República: "Vamos conviver como colegas, apesar das diferenças políticas". E lembrou da denúncia de Pedro Collor contra o irmão: "Reunimos informações para abrir o processo que deu no impeachment. Agora, o povo de Alagoas o absolveu. Estou certo de que nos daremos bem." Calado, Collor só deu um sorriso amarelo.No pronunciamento em que poupará os líderes do impeachment, Collor certamente lembrará o nome dos parlamentares que foram solidários com ele até os últimos momentos do episódio: os senadores Áureo Mello, Ney Maranhão e Odacir Soares e os deputados Humberto Souto, Ivan Buriti, José Burnett, José Lourenço e Paulo Octávio, atualmente sem mandatos. Deverá lembrar também de Álvaro Mendonça, Lafaiete Coutinho, Luiz Carlos Chavez e Luiz Estevão, amigos de primeira hora. Ninguém de Alagoas.
Jornal EXTRA de Alagoas
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