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segunda-feira, 23 de julho de 2007
Vôlei: outros aviões no céu
O país parou na manhã de quinta-feira, 19 de julho, diante das telinhas para espiar batalha da final de vôlei feminino do Pan, no Maracanãzinho. A euforia inicial da torcida cedeu lugar a um misto de decepção e revolta, ao ver a seleção brasileira deixar escapar a medalha de ouro para a cubana. Observo a espécie de catarse coletiva a minha volta, como se vencer fosse a única saída possível diante das conhecidas mazelas nacionais e escândalos de corrupção. Essa - chamemos assim - necessidade psicológica de afirmação da identidade nacional esbarrou na fatalidade. Infelizmente ela acontece, em que pesem as teses neo-idealistas hegelianas da programação neuro-lingüística, que atribuem ao poder da mente, a capacidade de, entre outras coisas, derrubar aeronaves.
Digo fatalidade, porque o jogo foi equilibradíssimo, com viradas excepcionais e seqüências de lances de tirar o fôlego. A vitória caberia perfeitamente a qualquer um dos lados. Isso porque não se viu corpo mole. Todas lutaram com empenho e dedicação. Um erro menor na técnica apurada, uma jogada de sorte qualquer, fez a diferença mínima entre os times. Assim como o pré-julgamento apressado em encontrar culpas e culpados no governo pelo acidente aéreo, a acomodação maniqueísta do tribunal sumário da “opinião pública”, enraizada pelas novelas globais e filmografia ianque, num instante desceu as atletas do panteão heróico e às conduziram ao depósito de lixo da vergonha nacional.
Além de se procurar não ferir a inteligência do povo brasileiro é preciso levar em consideração duas ordens de questões: Primeiro é que é muito mais fácil, do alto do sedentarismo das pessoas em geral, ficar torcendo do que jogando. Viver uma rotina de treino duro e intensivo, dieta balanceada, tensão pelas cobranças, etc. Ou seja, é prudente colocar-se no lugar de quem está na quadra, ou mesmo de seus familiares.
Segundo, Cuba tem uma grande equipe, e não deu moleza pras brazucas. Elas disputaram palmo-a-palmo com vontade de vencer. È impressionante a vitalidade esportiva desafiadora da pequenina ilha à sombra do gigante imperial. Lutamos contra um adversário respeitável, que já enfrentamos antes e que conhece bem o nosso estilo de jogo.
Portanto, Srs. e Sras., milhões de “técnicos” espalhados pelo Brasil, entendidos não só de futebol, dêem um desconto para as nossas jogadoras. Muito mais do que belos físicos, são mulheres extraordinárias, que merecem ser respeitadas e admiradas por representarem muito bem o país, com garra, determinação e, acima de tudo, espírito desportivo. Outros vôos virão.
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